SEIDI SÃO PAULO

O que vier na cabeça, sem revisar os textos.

Saturday, February 25, 2006

 

A Misteriosa Vila


Chega-se à vila de Paranapiacaba por uma estradinha que inicia no Riacho Grande, um entroncamento à beira da represa Bilings, com seus restaurantes e bares populares e barquinhos simples, um cenário que remete à lembrança de algum país castigado do mediterrâneo, como Albânia.

A partir daí, a viagem dura cerca de 30 minutos. Situado no município de Santo André, na Grande São Paulo, Paranapiacaba nos recebe com densa neblina, confirmando sua fama de “um pedacinho da Inglaterra”.

A sua origem remonta a 1856, quando o Barão de Mauá e a recém criada
empresa inglesa São Paulo Railway Co., receberam, por decreto de
D. Pedro II, o direito de explorar a ferrovia que ligaria o interior paulista ao litoral.
A expansão da cultura do café dependia de meios eficazes para o escoamento
da produção até o porto de Santos. As obras foram iniciadas em 1860,
seguindo o projeto de engenheiros ingleses.

Após a inauguração do sistema ferroviário, parte de operários e técnicos
permaneceu no local do acampamento da obra para fazer a manutenção,
constituindo ali conglomerado de habitações construídas em estilo inglês.
Em 1907, este vilarejo passou a chamar Paranapiacaba (do tupi-guarani, "lugar de onde se avista o mar").

Estacionamos o carro e a poucos passos estávamos na Parte Alta da vila,
com ruelas sinuosas e misteriosas, ornadas com construções de inspiração portuguesa.
Num ambiente melancólico, como dum vilarejo esquecido, muitas construções resistem ao tempo, mesmo deterioradas com paredes descascadas e janelas quebradas.

A partir desta zona é possível avistar a Parte Baixa, um vale de montanhas
verdes, e coberta pelo nevoeiro, se espalham casinhas “inglesas” de madeira.
Como não são feitos de tijolos escuros, é difícil sentir-se em “Londres”,
apesar da vila possuir uma réplica do Big Ben, na estação ferroviária.

Atravessando a ponte da estação, entramos na Parte Baixa. De perto,
as casas lembram as de alguma vila de pescadores do nordeste da Inglaterra.
Lembrei-me também da Ushuaia, na Terra do Fogo, que possui construções semelhantes.

Antes, a disposição das moradias respeitava uma ordem hierárquica.
Casas maiores e não geminadas pertenciam a apenas uma família de ingleses.
As demais eram distribuídas aos funcionários da ferrovia de acordo com a
qualificação da mão-de-obra, da posição social e do seu estado civil.

Hoje, as casinhas abrigam, além de moradores fixos, as pousadas (aqui, as placas indicam que são Bed & Breakfast), cafés, lojas, e restaurantes interessantes.

Os donos dos estabelecimentos parecem ter fugido do “inferno urbano”
de São Paulo e se instalaram ali, num canto charmoso servindo comida charmosa,
um pouco intelectual (sim, comida intelectual, aquela “comidinha caseira”).

Um dos donos desses restaurantes nos olha e cumprimenta: “Boa tarde!”.
Cláudia percebe que ele está com um belo cachorro, parado como uma
estátua de porcelana. “Bonito, não é?” Ele diz com orgulho.
É um homem de aproximadamente 50 anos, cabelo rente,
com óculos de design moderno, e completando sua aparência asséptica,
um avental branquinho. Tem porte do dono de um charmoso bistrô.
Deve possuir, na sua cabeceira, exemplares de Wilde ou Proust.
“Temos hoje um delicioso picadinho com feijão, quibebe e farofa”.
Com voz tranqüila, nos sugere a tal comidinha caseira. De forma diplomática,
respondemos: “vamos dar mais uma voltinha. Talvez almoçaremos aí”.
Ele sorri cordialmente, sem demonstrar aborrecimento, pois esse negócio,
para ele, é apenas um hobby.

Em algumas horas já havíamos andado a vila inteira, inclusive algumas ruas,
por repetidas vezes. Havíamos visitado pequenos museus, lojas de artesãos,
até aventurado na extremidade da vila, ao pé das montanhas.

“Quer voltar para aquele restaurante do cachorro?” Pergunta Cláudia,
demonstrando a fome.

“Parece legal. Mas é muito silencioso” respondo, indeciso. “Não havia uma única mesa ocupada...”.

Retornamos a entrada da vila, uma espécie de praça central, onde há música ao vivo,
jovens sentados na calçada, um local agitado. Decidimos sentar numa das
lanchonetes animadas. O prato pedido é composto por dois bifes “sola de sapato 45”,
um caminhão de arroz, batata frita, salada básica, por R$ 10,00.
Serve mais de 2 pessoas, claro. Um preço indecente, se comparado ao
do “restaurante do cachorro”.

Enquanto apreciamos a comida, surge um grupo de motoqueiros de enduro.
Dizem que Paranapiacaba é uma das passagens desses roteiros.
Homens sujos de barro, capacete Shoei debaixo do braço e macacão dos patrocinadores invadem as mesas. Esfomeados, engolem o prato, vomitam as palavras,
e em vinte minutos já estão partindo. “Cidadezinha sem graça”.
Um deles comenta. Nem imaginam o que se passa aqui,
nem o que se passou no século 19.

Sentimos que era a hora de retornarmos. Foi muito tempo para fazer turismo, porém, pouco tempo para conhecermos o espírito desta vila misteriosa encravada na Serra do Mar.

Ironias à parte, estando de coração aberto, esta vila é inspiradora, instigante e dá vontade de ficar por alguns dias. Para criar alguma obra de arte ou escrever um romance, quem sabe.

Alguns dados foram extraídos do site oficial, com divertido layout de mansão fantasmagórica: http://www.portaldeparanapiacaba.com.br/

Site sobre Cidades Históricas do Brasil.
Infelizmente ainda não constam as cidades da região Sul.
http://www.cidadeshistoricas.art.br/


Friday, February 24, 2006

 

Moda Gastronômica 2

A moda gastronômica também envolve naturalmente onde se servem as comidas, ou seja, restaurantes, bares e similares.

Em uma cidade como São Paulo, sempre surgem novidades, e seguindo estas, os imitadores, para não perder o boom
(que palavra horrorosa).

Os restaurantes japoneses estouraram na década de 1990 e vieram para ficar. Atualmente esta culinária (principalmente sushi e yakissoba) está miscigenada com os ocidentais enfeitando os balcões dos restaurantes por quilo e das churrascarias.

Apesar de possuirmos tradição, com orgulho, do nosso churrasco, fomos invadidos pela a onda da rival parrilla (churrasco tipo argentino/uruguaio) e abriram-se casas e casas que servem esse tipo de gastronomia. O Estación Sur e Buenos Aires Classic foram um dos primeiros. Depois surgiram Vila Alvear, 348 Parrilla Porteña, La Caballeriza, Pobre Juan, Costañera (ufa!) e o mais recente Cabanã del Asado no Butantã. Ainda acredito que falta uma dúzia de lugares, pois não listei todos.

Numa escala menor, achei divertida a utilização do nome "Forneria" em alguns restaurantes, imitando o bem sucedido Forneria San Paolo da família Fasano. Surgiu um restaurante chamado Forneria Tamandaré (repito, Tamandaré) que não durou nem um ano. E o mais recente Forneria Fornarelo, na Vila Madalena.

Os botecos chiques, iniciados por Pirajá/Original, os pubs irlandeses, os estabelecimentos com nomes Santos. Boteco São Bento, Chácara Santa Cecília, Santa Madalena, Santo Grão, Mercearia São Roque, Santa Aldeia.
Novamente, não listei todos pois não caberia aqui. O sócio de um bar até nomeou o seu estabelecimento de Todos os Santos, e disse, já que tem tantos Santos, iria homenagear todos.

Há os corajosos que tentam inventar novos nomes. Um deles: temakeria. Temaki, é o sushi enrolado com alga, em formato de cone. Possibilita diversas combinações, como os wraps. O Ícone Temakeria (Rua Leopoldo Couto Magalhães Jr., 633 Itaim Bibi) é o inventor.

Posso inventar também? Yakissoberia. Não gostei. Não é um nome apetitoso.

E, recentemente têm aparecido, ainda que discretamente, lugares que servem batata rosti.
É uma receita suiça, com batatas cortadas a juliana, e frita na panela, um deleite.

Essas modinhas não são exclusivos daqui. Vi coisas engraçasdas nos Estados Unidos e no Japão.
Em Londres, nos anos 1990, teve a onda dos noodle bars (restaurantes de macarrão).
São macarrões japoneses chamados lámen ou ramen, mais conhecidos por aqui como Miojo.
O pioneiro Wagamama (veja o seu site gracioso www.wagamama.com), inaugurado em 1992, no bairro de Bloomsbury e resiste até hoje com várias filiais e bem estruturado sistema de franquia.
Com decoração modernosa, tem mesas coletivas compridas instaladas no salão.
Daí a deneminação bar. Depois surgiram outros noodle bars em Londres.

Enquanto não vem a onda dos noodle bars, experimente o tradicional lámen japonês no Aska.
Depois confirmará que Miojo é instantâneo, como feijoada enlatada.
Poucos, fora da comunidade japonesa o conhecem:

Aska
Rua Galvão Bueno 466
Liberdade São Paulo SP
Tel 3277-9682

Thursday, February 23, 2006

 



Moda Gastronômica 1

Numa pizzaria, o garçom sugere com orgulho:
"A moda da casa é uma pizza com tomate seco, rúcula e
mussarela de búfala."

Num outro local, uma cantina, o cliente pergunta:
"Qual é a especialidade da casa?"
O garçom, enche o peito e diz:
"Risoto com tomate seco, manjericão e mussarela de búfala."
Tempos atrás, os restaurantes serviam tudo com tomate seco, mussarela de búfala, combinando com rúcula ou manjericão.

É a moda gastronômica. Depois dessa combinação acima firmar-se como clássico, foi a vez dos cogumelos. Começou com funghi italiano, até chegar nos exóticos shitake e shimeji do Japão. Shitake já é um ingrediente que figura inclusive na cozinha ocidental como filet mignon ao molho de shitake, ou bruscheta com tomate fresco e shitake, assim por diante.

Açafrão, pimenta rosa, todas as ervas, picanha na chapa, petit gâteau, sorvete de lichia.

É interessante observar esse movimento dos restaurantes, que se tornaram, como lojas de varejo, um local para vender tendências. Alguém lança um determinado prato. O público gosta. Alguém diz que é chic. Começa a vender. Vender bem. Todos querem ganhar dinheiro e introduz o produto no seu cardápio.

Quanto as bebidas, o garçom diz: "bebida da casa? Caipiroska de lima da pérsia." Lima da pérsia, estava em todos os bares. É refrescante e leve, mas já encheu. Atualmete, o cubano mojito parece estar em alta.

Qual será a próxima?

Hoje de manhã experimentei a nova pasta de dente Close-Up que Claudia havia comprado. Vejo o design do tubo. Sabor frutas vermelhas. Não consegui parar de rir durante minha higienização bucal. Este setor também está de olho nas tendências gastronômicas. Só falta agora a Unilever lançar pastas com sabor abacaxi com hortelã, ou quem sabe, papaia com cassis.

Blog tudo sobre comida. Bom apetite.
http://kiplog.com/food/ (em inglês)


Wednesday, February 22, 2006

 

Philip Seymour Hoffman

Ele está no novo filme "Capote", sobre o revolucionário jornalista americano Truman Capote. E está sendo indicado para o Oscar de melhor ator.

Confesso que não vi ou não lembro atuações deste ator
(que já fez muito filme) além d´ "O Talentoso Ripley". Ele está no papel do Freddie Miles (foto ao lado, a direita, junto com Matt Damon, e Jude Law).

O enredo do filme
Tom Ripley (Matt Damon) possui um dom incomum: é capaz de imitar, com perfeição, a asssinatura, a voz, o modo de se mexer, tudo numa pessoa.

Graças a um casaco emprestado, conhece o empresário Herbert Greenleaf (James Redhorn), que lhe oferece mil dólares para ir à Europa trazer de volta seu filho, Dickie (Jude Law). Ripley aceita a oferta e termina por desfrutar da boa vida e da amizade de Dickie e de sua namorada Marge (Gwyneth Paltrow), tornando-se hóspede de ambos.

Entretanto, desconfianças pairam sob o passado de Ripley, criando situações contrárias aos seus interesses, o que o leva a matar Dickie e assumir sua identidade. (partes extraídas do www.adorocinema.com)

Freddie é o amigo do Dickie Greenleaf (Jude Law), um sujeito esnobe, esquisito, meio desmunhecado. É um bon vivant como Dickie, e desconfia das fraudes do Ripley. E Hoffman interpreta o personagem com tiques esquisitos (risadinhas sarcásticas, fungando o nariz), que deixa Ripley desconcertado. Na mansão em Veneza que o Ripley compra em nome do Dickie depois de assassiná-lo, Freddie aparece para visitar o seu amigo (sem saber que foi assassinado). Começa a olhar a casa e observa, dizendo ironicamente ao Ripley: "A decoração está muito... bourgeois (= cafona) para ser do Dickie". E na cena um pouco antes dele (Freddie) ser morto por Ripley, ele brinca com o piano tocando notas singulares, olhando para Ripley, aguardando a explicação deste. É a cena que mais gosto, que dou sempre uma gargalhada.

E essa é a cara do Philip Seymour Hoffman, que permanece na minha mente.

Existe uma versão mais antiga do Ripley, estrelado por Alain Delon:

O Sol Por Testemunha
(Plein Soleil/FRA/ITA/1959)
Direção: René Clément.
Elenco: Alain Delon, Maurice Ronet,
Marie Laforêt, Romy Schneider.


Tuesday, February 21, 2006

 

SuperSite

Conhecem o site Superfuture?

É uma viagem as lojas, restaurantes e tendências do mundo inteiro, inclusive São Paulo e Rio.
Tem o estilo da revista Wallpaper, no quesito design.

O site está no ar desde 1999, por Wayne Berkowitz, radicado em Tóquio. Basicamente consideram-no como um site cartográfico (tem mapas modernosas de Tóquio, Nova York e outras cidades). O organizador diz que ele não é um jornalista e sim apenas um designer que gosta de fuçar as novidades de diversas áreas.
.
Escrito de forma bem (mesmo) informal, meio Lonely Planet, meio Time Out.

Por exemplo, na seção do Rio consta o Hotel Glória (tem certeza?), mas já começa escrevendo assim: "Você já assistiu ao Iluminado (filme de terror baseado no romance de Stephen King)? Bem vindo ao Hotel Glória. Atmosfera fantasmagórica, com decoração assombrosa do séc. XIX (...)"

O principal anunciante é a Diesel e apresenta a marca como
"emotional guidance and support" by Diesel, mostrando o anúncio picante acima.
Boa viagem.
www.superfuture.com

Saturday, February 18, 2006

 


Reforma Geral

A rua Oscar Freire está em obra.
Vão transformar numa rua decente.
Como Bond Street.
Worth Avenue.
Orchard Road. Até que em fim!

(ilustração do projeto Oscar Freire divulgado na mídia)
Esta rua, principalmente o trecho entre a Augusta e Haddock Lobo
estava horrorosa, com muitos fios, postes, calçadas estreitas e
um clima de cada logista-faz-o que-quer.

Espero que o baixo Jardins se torne um orgulho da cidade depois da reforma (pois já que a av. Paulista vai demorar para trocar as calçadas), trazendo muitos turistas, realizando eventos (aliás como ficou o evento Promenade Möet? Aquele evento anual do Möet Chandon? Faz tempo que não ouço nele).

Na carona da reforma, observo que muitos restaurtantes estão reformando e seguem uma tendência: estão se abrindo para a rua. Começou com Catherine, na Haddock Lobo (antes ocupado pelo Café Antiqüe) mostrando seu salão bonito, sensual, com os clientes idem. Paola di Verona, na esquina da Pe. João Manoel e Br. de Capanema também montou uma varanda voltada para a rua. E na própria O. Freire, a loja do Red Angus Beef (nunca sei o nome do restaurante) também está em reforma, e ontem já abriu o salão para a rua.

Falando em calçadas, parece que o Serra quer padronizá-las, aqui em São Paulo. Aprovado ou não, seria mais um passo rumo a uma cidade mais humana (sei, que isso não é o suficiente). Pois as 3 grand coisas que me irritam mais em SP: calçadas estreitas (incluindo buracos), postes e falta de metrô.

Quero ver toda São Paulo com calçadas largas como as do Higienópolis.
Quero ver São Paulo sem postes, como o nosso vizinho Buenos Aires.
Quero ver São Paulo com estações de metrô Parque do Ibirapuera e Aeroporto de Congonhas.

Voltando ao passado, veja ao lado na aquarela mantida pelo Arquivo Histórico Municipal/DPH, o que Prestes Maia havia preparado para nós no seu Plano de Avenidas, na dácada de 1930. Era a proposta para a transformação da Praça da República, onde ao fundo teria o Congresso Estadual, que ocuparia o edifício da Escola Normal. Poderia imaginar São Paulo assim?

Outras curiosidades sobre São Paulo
http://www.prodam.sp.gov.br/dph/curioso/

Friday, February 17, 2006

 


Como muito tudo isso

Não tenho vergonha em dizer que gosto do Mc Donald´s. Pois não é sempre que como, e sou eclético apreciador tanto da baixa quanto da alta-gastronomia (este quando tenho dinheiro).

Sei o que estou comendo e as conseqüencias, ainda mais vivendo com Cláudia, nutricionista. Que bom que ela não é daquelas neuróticas por contagem de calorias. Às vezes ela mesma sugere: "vamos pro Mac?"

Recentemente tive um flerte com o Burger King, presente nos 4 cantos do planeta e que só chegou no ano passado ao Brasil. Estava com saudade daqueles Whoopers com carne grelhada e saborosa. Logo no início da operação, a loja do Shopping Ibirapuera estava com fila imensa, cena semelhante quando abriu o primeiro Mc Donald´s em Moscou, na então União Soviética. Só conseguimos atingir o balcão na 3a. tentativa. Das outras 2 vezes, acabavamos indo não para Mac, mas no Jig´s, pois lá servem hambúergers mais elaborados, para minimizar a nossa frustração.

Porém, Mc Donald´s, que é um exemplo de marketing, renovou as lanchonetes tirando aquelas cadeiras de refeitório, com decoração mais moderna, passou a servier café, e mudou a denominação para Restaurante Mc Donald´s. E para completar lançou um hambúrger chamado Big Tasty. A carne não é grelhada como a do concorrente mas tem um molho especial que imita esse gosto do "grelhado". Não retornamos mais a BurgerKing.

Vou parar de fazer a propaganda deles. Mas digo que sou fã da Birdie. Não gosto do Ronald que é um palhaço macabro e pretencioso, nem aquele ladrãozinho mascarado com roupa de detento, uma versão mais magra do pneuzinho do Michelin. Mas a Birdie é bonitinha tem um bocão (bicão), olhão, e cabeção. Irresistível. Não usem ela para fazer Mc Nuggets tá?

Mc Donald´s India
Think global, act local. O Mc Donald´s da Índia não serve hambúrgers de carne bovina.
http://www.mcdonaldsindia.com

Thursday, February 16, 2006

 




São Paulo, Leste Europeu

Em alguns lugares de São Paulo, você pode se sentir vagando pelas cidades como Bucareste ou Tirana.

(foto ao lado é do Viaduto Sta. Ifigênia)

Pelas viagens que fiz em lugares como Romênia e Ucrânia, pude confirmar que Bucareste é o mais parecido com SP. Esta cidade, como São Paulo, foi "zoada" pelos dirigentes (= Ceausescu). Tem prédios neo-clássicos, um tanto desbotados (antes do comunismo, era considerado Paris do Leste Europeu) resiste lado a lado com blocos de concreto (modernista, construtivista, stalinista, brutalista) frios e espartanos, grandiosos e prepotentes.

No centro de São Paulo, tente caminhar pelas avenidas Duque de Caxias, Av. Rio Branco com Av. S. João e as ruas do bairro Campos Elíseos. É um deleite para quem quer observar o estrago - falta de planejamento urbano, má conservação, nostalgia, idealismo (Brasil é um museu a céu aberto da arquitetura modernista = arquitetos, em geral socialistas).

Europa do leste também passou por coisa parecida.

(foto abaixo é de Bucareste)

Agora o Brás (travessas da Celso Garcia, Largo da Concórdia) e região da 25 de Março imagino que pareça algum lugar da Armênia ou Geórgia. Muito caos, cheiro de churrasco no ar (só falta ser de carneiro), comércio ambulante e um toque de oriente. (Incluindo as placas de lojistas imigrantes armênios Kherlakian, Gasparian etc) A redondeza da estação da Luz, idem.


Ah, e não deixe de andar pelo "minhocão" (no elevado) de carro, num dia nublado ouvindo Eurythmics ou alguma canção russa. Preste atenção nos prédios. É uma viagem para Leste Europeu sem passaporte e passagem!

Não sei se quem já esteve nesses países concorda. Pareço louco mas é assim que vejo São Paulo e me divirto muito.

Especialista em Rússia
Tchayka - a casa da Rússia - loja de artigos russos e agência de viagens
www.tchayka.com.br


Wednesday, February 15, 2006

 



Carnevale

Está chegando o Carnaval, uma das festividades que não me excita tanto há alguns anos, juntamente com Natal, Reveillon e aniversário.

Provavelmente ficaremos por aqui, ir ao MAM para ver a nova mostra do Pierre Verger, dar uma passada na exposição dos dinossauros no Oca, embriagar com as estrelas virtuais no recém aberto planetário do Parque do Carmo. Espero que estejam abertas pelo menos uma dessas atrações.

Quando eu era assalariado, tirava férias nessa época. Estive sempre ausente nos trópicos. No final do século passado (séc.XX), nos meus vinte e tantos anos, fui a França e a Itália, de mochila e trem, beirando a costa mediterrânea.

Assim que coloquei o pé em Nice, senti o clima discreto de Carnaval. Era manhã ensolarado de fevereiro. O vento gelado batia no meu rosto. A orla, com sua praia de pedregulho e clima dos anos 1930 estava com as arquibancadas montadas. Com enfeites coloridos, as ruas pareciam estar na época de Natal. Extasiado com a beleza da cidade, caminhei por muito tempo. A tarde, iniciou-se a parada de Carnaval. Os carros alegóricos carregando belas francesinhas em fantasias tímidas deslizava vagarosamente. As músicas eram, tudo menos tropical com muitos carros tocando techno. Uma versão comportada do Love Parade. Ao cair da tarde a cidade foi tomando um ar mais tranqüilo, com famílias passeando, cada um entrando num café aqui, num bistrô ali. A melancolia invadiu em mim, que estava só na cidade. Decidi partir logo da cidade. Permanecer ali me sufocava.

No trem para a Veneza, eu estava na companhia de um rapaz japonês que conheci em Roma. Na poltrona da frente sentava uma moça italiana, folheando uma revista de fofocas. Iniciamos a conversa. Dissemos a ela o nosso destino, e então exclamou:"Carnevalle de Venezia! Che bello!" Ela tinha certeza de que iríamos para o famoso Carnaval de Veneza. Sim aquela de máscaras. Porém, estávamos desinformados sobre isso, e apenas demos um sorriso artificial e concordamos com ela: "Si, Carnevalle!" Nós nos comentamos em japonês, em tom confidencial, "que sorte, vamos poder ver o famoso Carnaval de Veneza".

Obviamente a cidade estava lotada de gente. Haverá disponibilidade nos hotéis? Passou pela minha cabeça um quadro negativo da situação. O único lugar que achamos foi um pequeno hotel, onde uma velhinha tosca nos atendeu. Nos mostrou um indecente quarto, ou cubículo, que havia uma cama, de casal, que ocupava todo o espaço. Nem um espaço para por os pés. Teríamos de entrar já deitando na cama. Impossível. A velha gritou, dedo em riste: "Não vão encontrar mais nenhum lugar, idiotas!" Não entendo muito italiano, mas suponho que ela tenha dito isso.

Desistimos de procurar hotéis. Afinal, é Carnaval. Vamos aproveitar ao máximo! Dançar, beber, paquerar até o sol raiar

Chegamos a Praça São Marco. Cena de uma confraternização linda, máscaras, fantasias...E cadê a música? Parecia um saguão de teatro antes de entrar para ver o espetáculo. Lá pelas 9 da noite iniciou-se o tal espetáculo. Um pequeno palco montado no centro da praça. Parece que naquele ano o tema era "África". Uns negros chacoalhavam ao som de tambores. Os turistas também seguiram o ritual.

Depois da meia-noite a música cessou por completo e as pessoas iniciaram o regresso aos seus "albergos". Ficamos novamente desesperados, procurando algum abrigo. Andamos contínuamente para não congelarmos. Em uma charmosa piazza no meio do labirinto veneziano, encontramos uma barraca de bebidas onde todos os notívagos da cidade estavam fazendo a festa. Ficamos lá até 4 da manhã, quando o nosso corpo solicitou por repouso.

Sem alternativa, passamos a noite na Stazione Ferroviaria Santa Lucia. O saguão da estação estava bem iluminado, e lotado de desavisados como nós. Cenário de abrigo para refugiados. O chão estava quentinho e relativamente limpo. Fomos acordados pelas cutucadas nos nossos pés, pelo funcionário da estação, avisando que iria abrir o estabelecimento para público. Sentimos como mendigos da Praça da Sé.

Foi um Carnaval diferente. Como não tenho compromisso com Escolas de Samba, continuarei buscando experiências exóticas como este. Por isso vou ficar em São Paulo neste Carnaval.

O Brasil de Pierre Verger
15 Fev a 26 Mar
MAM - Grande Sala
Parque do Ibirapuera, portão 3 - s/nº
Tel.: (11) 5549-9688

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