SEIDI SÃO PAULO

O que vier na cabeça, sem revisar os textos.

Saturday, May 20, 2006

 

Casas Pintadas

Tirana e Heliópolis. Aparentemente as duas localidades não têm nada em comum. A primeira é a capital da Albânia, um país que foi judiado pelo comunismo (um dois mais fechados da Europa) dirigido pelo Enver Hoxha. A segunda é a maior favela de São Paulo.

(Cidade de Girokaster, Albânia)

A semelhança entre elas estão nas cores. Em 2003, o prefeito de Tirana criou um projeto que desafiava artistas a pintarem os edifícios decrépitos da cidade para levantar a moral e estima da população. A Cor em Heliópolis, projeto idealizado pelo arquiteto Ruy Ohtake, com a parceria da Suvinil e do banco PanAmericano, pintou das fachadas de 270 casas, realizada com mão-de-obra da própria comunidade, previamente treinada pela equipe técnica da Suvinil.

(à esquerda: Tirana - à direita inferior: Heliópolis)

O projeto da Tirana ficou um tanto chocante, pois alguns estão com cores gosto duvidoso e ainda, uma coisa é pintar a favela, outra é pintar a cidade inteira. Bem, o que vale é a intenção. Veja os resultados nas fotos apresentadas aqui.

Falando em Tirana, Albânia é um destino que me interessa. Tão distante e desconhecido para nós, porém, misterioso. Situado no mar Adriático, na conturbada península balcânica, é um dos países mais pobres da Europa. A maioria da população é muçulmana. Possuem cidades históricas, sítios arqueológicos – na antiguidade pertencia a região da Ilíria – tudo intocado, porém em estado de abandono. A personalidade mais conhecida é o escritor Ismail Kadaré, do romance “Abril Despedaçado” que deu origem ao filme do Walter Salles Jr.

Friday, May 12, 2006

 
As Grandes Maravilhas

Franco-paulistano. Os arquitetos estão chamando assim a onda de arquitetura neoclássica que está invadindo São Paulo. Prédios comerciais, lojas, apartamentos, “mansões suspensas”...

São formas aparentemente clássicas, charmosas, “francesas”, porém, cheira algo de rico-novo. Recentemente, numa entrevista a um grande jornal, um crítico de arquitetura avaliou que esses projetos estão todos errados, em termos de referência ao clássico, algo como um texto literário cheio de erros de ortografia, sintaxe etc. (como este blog...)


A super loja Daslu, é um bom exemplo dessa arquitetura. Era uma boa oportunidade de fazer uma coisa bem ousada (o terreno é imenso) tipo Rem Koolhaas, porém, como toda boa construção “chique” de São Paulo, acabou optando mesmo pelo franco-paulistano.

(foto ao lado: projeto de Rem Koolhaas em Beijing, China)

Não vemos esse tipo de edifícios em outras regiões do Brasil e do exterior. Talvez possa equiparar, em termos de pretensão àquelas construções da Flórida, nos Estados Unidos. São apartamentos e shoppings como Mizner Park em Boca Raton, com toque de “mediterrâneo”.
Na Ásia também vemos coisas engraçadas, do Japão (um parque temático holandês) a China (foi inaugurada recentemente uma vila que imita Veneza).

Enquanto isso na própria Europa, que é o berço do clássico, os críticos têm torcido o nariz para coisas modernas demais como a pirâmide de vidro do Louvre ou obras de Santiago Calatrava. Mas, pelo menos são modernos, com materiais modernos e tecnologia idem. Veremos como estará o estado de conservação desses franco-paulistanos daqui a 10 anos.

Ousada mesmo é a loja da Louis Vuitton em Paris...

Site dos arquitetos:
veja
www.vitruvius.com.br

Sunday, May 07, 2006

 


As Sereias do Capitalismo

Nos anos 90, esteve na moda no Japão, o chamado Enjo Kousai, que literalmente significa “relacionamento solidário”. Não é nenhum termo de política internacional ou inventado pelos ambientalistas dos ONG.

Trata-se de prostituição. Mesmo com o país em crise, depois de um período de constante crescimento e bonança, o “mercado do corpo” manteve-se firme. O tal vocabulário Enjo Kousai, que veio para ficar, possui um diferencial, pois não é prostituição qualquer. São adolescentes, de classe média, entre 15 a 18 anos, estudantes, sem rumo, sem conteúdo, um dia descobriram que possuíam uma mina de ouro: o próprio corpo. Em Tóquio, elas estão concentradas em Shibuya, um bairro jovem hi-tech, bagunçado e colorido que lembra mangás futuristas.

Influenciadas pela mídia global e capitalista, não resistem às bolsas da Louis Vuitton e qualquer peça da Prada, e o caminho mais fácil e rápido de obtê-las é oferecendo programa aos salarymen principalmente da meia idade.

O “relacionamento solidário” é um nome cruel e patético, pois o senhor de terno cinza, e de óculos, cansado do trabalho, pressão dos chefes e dos subordinados, e com a frieza e desprezo com que é tratado dentro de sua própria casa, recorre ao prazer momentâneo, uma vingança a sua vida, dormindo com moça que tem cabelos tingidos de vermelho, sobrancelhas cuidadas, vestindo uniforme da própria escola (elas vão para o point depois do colégio) só que com saia plissada dobrada que se transforma em um micro pano cortinando suas pernas brancas.

Ela, por outro lado, acha o “velho” nojento e um saco, mas é um idiota que fica embasbacado ao ver o seu corpo. Com a “remuneração” do dia vai parar no Häagen-Dazs tomar sorvete de macadamia, ou nos milhares de lojas de roupas e acessórios que a cidade oferece. Vão sempre com as amigas, conectadas, claro, pelo celular, hoje um centro de informações portátil que manda fotos e imagens, ornado com penduricalhos do tipo Hello Kitty.

Pois o Enjo Kousai está chegando ao Brasil. Meninas de classe média daqui também estão “ligadas” a forma mais fácil e mais antiga da história da humanidade de ganhar dinheiro. E o mais preocupante é que a sua imagem está ficando “limpa” como nunca, basta ver o sucesso da Bruna Surfistinha e a marca de roupa Daspu, criada pela ONG DaVida, formada pelas prostitutas e hoje considerada cool.




Archives

February 2006   March 2006   April 2006   May 2006   June 2006   July 2006   August 2006   September 2006   October 2006  

This page is powered by Blogger. Isn't yours?