SEIDI SÃO PAULO

O que vier na cabeça, sem revisar os textos.

Thursday, June 22, 2006

 


Por que são tão pequenos, os nossos edifícios?

Não possuo a formação acadêmica para criticar arquitetos. Porém, sinto que é unânime a avaliação negativa em torno do arco da Praça do Patriarca. A obra é de Paulo Mendes da Rocha, sim, o grande arquiteto brasileiro que recebeu recentemente o prêmio Pritzker.

É merecido o tal prêmio pois, excluindo o tal arco, existem projetos notáveis, incluindo a reforma da Pinacoteca do Estado.

Acabei de ler trechos da sabatina realizada pela Folha de S. Paulo, com o próprio Mendes da Rocha, e concordei, sem exceção com todos os pontos por ele citados.

Um deles foi questão da avenida Paulista. Ele disse que é uma avenida contraditória, pois, apesar de ser o marco da cidade, do desenvolvimento econômico, os prédios são tão miúdos... Isso é devido aos construtores forçarem a erguer espigões a partir dos terrenos dos antigos casarões. Aqui está resolvida a minha dúvida! Sempre questionei sobre a área construída, achava pequena demais. Enquanto em outras grandes cidades existem loteamentos gigantescos, construindo verdadeiros centros comunitários de negócios, lazer e convivência, os prédios da Paulista, apertados na planta dos casarões derrubados, mais parecem predinhos de subúrbio. O único empreendimento grandioso, segundo Mendes da Rocha é o Conjunto Nacional. E por mim, vale essa observação para toda a cidade (menos o Centro): Faria Lima, Juscelino, Berrini, este ultimo, um absurdo exemplo de urbanização feita às pressas, sem calçada decente, e aqueles prédios miúdos...Convivem com boteco e borracharia, os executivos de tecnologia de ponta.

Talvez justamente por isso é que faz de São Paulo uma cidade única.

(fotos acima são da Praça do Patriarca, ontem e hoje)

Monday, June 12, 2006

 


Presenteie Experiência

A nova onda que vem conquistando o público da Europa acaba de chegar no Brasil. Trata-se de presentear “exeriência.”

A empresa Immaginare oferece produtos exclusivos, emocionantes, inusitados. Passear de balão, fazer um curso de strip-tease, voar de helicóptero, aprender dotes culinários com um chef famoso, pilotar um carro de Fórmula 1 ou até mesmo voar em um caça MIG Russo, são somente alguns exemplos das mais de 200 experiências que podem ser encontradas no Guia. Pertence à operadora pioneira em turismo de aventura, a Freeway.

São divididas por temas, como Motor, Corpo e Alma, Viagens, Aventuras, Nas Nuvens, Pecados, Água e VIP. Entre elas estão Spa's de luxo, o hotel mais caro do mundo , vôo de paraglider , restaurantes maravilhosos e até mesmo alguns dias de descanso no Iate da família Onassis.

Particularmente, gostaria que incluísse nos roteiros mais três ofertas: viagem no tempo (futuro/passado), viagem a Marte, pacote de uma semana numa penitenciária, e um dia como presidente da República.

Immaginare
www.guiadeexperiencias.com.br


Saturday, June 03, 2006

 

Não custa nada ser bem educado

Ela entrou na minha livraria com cara de espanto. Uma senhora de uns 80 anos.

- O que é isso? É uma biblioteca, é? – a sua voz aguda penetrou nos meus ouvidos.

“Não senhora aqui é uma farmácia”, era o que gostaria de ter dito. Porém educadamente respondi, que se tratava de uma livraria. Ou seja, vendia livros.
- Como ééé que você vende livros usados? – gritou.
- Bem, eu os compro de pessoas, ou em bazares, e revendo – expliquei.
- Você troca uns livros comigo? Tenho um monte em casa.
- Que tipo de livro senhora possui?
- Coisas boas. Enciclopédia Barsa, coleção completa! Livros de direito, código civil.
- Desculpe mas costumo adquirir livros na área de literatura, artes, história, biografias...
- Ah! Você não vai trocar livros comigo?
- Não costumo trocar livros. Prefiro comprar.
- Você não sabe o que está perdendo!

Virou-se e caminhou furiosa.

São algumas figuras engraçadas que aparecem na minha livraria. O bairro, Jardins. Pessoas com alto poder aquisitivo.

Uma outra senhora, na mesma idade que a anterior, entra com arrogância, portando uma bengala.

- Quanto custa esse livro, “Quando Nietzsche Chorou”? – me perguntou como se fosse um general.
- 49,90 reais – já tinha na cabeça o preço.
- Não! Já vi em outra livraria por 25 reais. Não me engane! Coreano.

Sou japonês, não coreano. E não existe nenhuma livraria vendendo por esse preço. Pensei, e me segurei para não verbalizar. Apesar de algumas livrarias estarem vendendo com algum desconto. Mostrei no visor do meu computador e confirmei o preço.

- Ah! Tá bom – ela que disse disfarçadamente – e esse livro do caçador de pipas em inglês?
- Esse livro é seminovo, e está por 20 reais. O novo, nas livrarias está custando 34 reais – o livro não possuía nenhum arranhão.
- Que caro! Não sei se vou pagar 20 reais por um negócio desse.

Não consigo entender a indignação, por meros 20 reais. Claro, que 20 reais não é dinheirinho, porém, o que significa para essas senhoras com renda de 10 mil reais por mês? É de total liberdade de cada um, onde gastar o dinheiro que possui. Ela quer ler o livro. Porém deixa de fazer porque está caro. Não estamos falando de livro de 70 reais. Eu gostaria de chegar na idade que ela tem, com dinheiro e espírito o suficiente para poder comprar o que quiser (não coisas grandes como jatinho, hotel, campo de golfe particular), sem comentários mesquinhos direcionados aos vendedores.

A ultima, a mais hilária. Uma mulher de uns 60 anos. Vestindo camiseta branca, cabelos revoltos.

- Você tem livros da editora *** ?
- Não...não costumo ter livros da área de direito. Mas posso encomendar para senhora. Algum título em especial?
- Meu pai foi fundador da editora ***!
- Puxa que ótimo!
- Hum! Qual melhor livro que você tem? – perguntou agressiva.

Aliás a conversa não fluía de forma pergunta-resposta-pergunta. Parecia que ela estava em outro mundo.

- Não sei dizer qual melhor...Melhor em qual assunto? Literatura, filosofia, ciências sociais...
- Eu tenho tuuudo isso que você tem aqui! Tenho 3.000 livros na minha casa!

Sem perder a paciência eu disse, que bom, a senhora deve gostar muito de ler. E a resposta dela foi:

- Meu pai foi fundador da editora ***!

Estas são algumas pessoas que vivem num dos bairros mais luxuosos de São Paulo, a maior cidade da América do Sul.

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