Por que são tão pequenos, os nossos edifícios?
Não possuo a formação acadêmica para criticar arquitetos. Porém, sinto que é unânime a avaliação negativa em torno do arco da
Praça do Patriarca. A obra é de Paulo Mendes da Rocha, sim, o grande arquiteto brasileiro que recebeu recentemente o prêmio Pritzker.
É merecido o tal prêmio pois, excluindo o tal arco, existem projetos notáveis, incluindo a reforma da
Pinacoteca do Estado.
Acabei de ler trechos da sabatina realizada pela Folha de S. Paulo, com o próprio
Mendes da Rocha, e concordei, sem exceção com todos os pontos por ele citados.
Um deles foi questão da
avenida Paulista. Ele disse que é uma avenida contraditória, pois, apesar de ser o marco da cidade, do desenvolvimento econômico, os prédios são tão miúdos... Isso é devido aos construtores forçarem a erguer espigões a partir dos terrenos dos antigos casarões. Aqui está resolvida a minha dúvida! Sempre questionei sobre a área construída, achava
pequena demais. Enquanto em outras grandes cidades existem loteamentos gigantescos, construindo verdadeiros centros comunitários de negócios, lazer e convivência, os prédios da Paulista, apertados na planta dos casarões derrubados, mais parecem predinhos de subúrbio. O único empreendimento grandioso, segundo Mendes da Rocha é o Conjunto Nacional. E por mim, vale essa observação para toda a cidade (menos o Centro): Faria Lima, Juscelino,
Berrini, este ultimo, um absurdo exemplo de urbanização feita às pressas, sem calçada decente, e aqueles prédios miúdos...Convivem com boteco e borracharia, os executivos de tecnologia de ponta.
Talvez justamente por isso é que faz de São Paulo uma cidade única.
(fotos acima são da Praça do Patriarca, ontem e hoje)
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Não custa nada ser bem educadoEla entrou na minha livraria com cara de espanto. Uma senhora de uns 80 anos.
- O que é isso? É uma biblioteca, é? – a sua voz aguda penetrou nos meus ouvidos.
“Não senhora aqui é uma farmácia”, era o que gostaria de ter dito. Porém educadamente respondi, que se tratava de uma livraria. Ou seja, vendia livros.
- Como ééé que você vende livros usados? – gritou.
- Bem, eu os compro de pessoas, ou em bazares, e revendo – expliquei.
- Você troca uns livros comigo? Tenho um monte em casa.
- Que tipo de livro senhora possui?
- Coisas boas. Enciclopédia Barsa, coleção completa! Livros de direito, código civil.
- Desculpe mas costumo adquirir livros na área de literatura, artes, história, biografias...
- Ah! Você não vai trocar livros comigo?
- Não costumo trocar livros. Prefiro comprar.
- Você não sabe o que está perdendo!
Virou-se e caminhou furiosa.
São algumas figuras engraçadas que aparecem na minha livraria. O bairro, Jardins. Pessoas com alto poder aquisitivo.
Uma outra senhora, na mesma idade que a anterior, entra com arrogância, portando uma bengala.
- Quanto custa esse livro, “Quando Nietzsche Chorou”? – me perguntou como se fosse um general.
- 49,90 reais – já tinha na cabeça o preço.
- Não! Já vi em outra livraria por 25 reais. Não me engane! Coreano.
Sou japonês, não coreano. E não existe nenhuma livraria vendendo por esse preço. Pensei, e me segurei para não verbalizar. Apesar de algumas livrarias estarem vendendo com algum desconto. Mostrei no visor do meu computador e confirmei o preço.
- Ah! Tá bom – ela que disse disfarçadamente – e esse livro do caçador de pipas em inglês?
- Esse livro é seminovo, e está por 20 reais. O novo, nas livrarias está custando 34 reais – o livro não possuía nenhum arranhão.
- Que caro! Não sei se vou pagar 20 reais por um negócio desse.
Não consigo entender a indignação, por meros 20 reais. Claro, que 20 reais não é dinheirinho, porém, o que significa para essas senhoras com renda de 10 mil reais por mês? É de total liberdade de cada um, onde gastar o dinheiro que possui. Ela quer ler o livro. Porém deixa de fazer porque está caro. Não estamos falando de livro de 70 reais. Eu gostaria de chegar na idade que ela tem, com dinheiro e espírito o suficiente para poder comprar o que quiser (não coisas grandes como jatinho, hotel, campo de golfe particular), sem comentários mesquinhos direcionados aos vendedores.
A ultima, a mais hilária. Uma mulher de uns 60 anos. Vestindo camiseta branca, cabelos revoltos.
- Você tem livros da editora *** ?
- Não...não costumo ter livros da área de direito. Mas posso encomendar para senhora. Algum título em especial?
- Meu pai foi fundador da editora ***!
- Puxa que ótimo!
- Hum! Qual melhor livro que você tem? – perguntou agressiva.
Aliás a conversa não fluía de forma pergunta-resposta-pergunta. Parecia que ela estava em outro mundo.
- Não sei dizer qual melhor...Melhor em qual assunto? Literatura, filosofia, ciências sociais...
- Eu tenho tuuudo isso que você tem aqui! Tenho 3.000 livros na minha casa!
Sem perder a paciência eu disse, que bom, a senhora deve gostar muito de ler. E a resposta dela foi:
- Meu pai foi fundador da editora ***!
Estas são algumas pessoas que vivem num dos bairros mais luxuosos de São Paulo, a maior cidade da América do Sul.