SEIDI SÃO PAULO

O que vier na cabeça, sem revisar os textos.

Saturday, April 29, 2006

 


Torres del Paine

Recentemente foi lançado um livro chamado “1.000 lugares para conhecer antes de morrer”, da jornalista de turismo americana Patricia Schultz. Mais um desses best-sellers de listas. Hoje as pessoas não querem prosa, nem poesia. Apenas listas. São mais práticas. Vamos também inventar um livro desses! Que tal “1.000 lugares para conhecer antes de casar”.

Ironia à parte, é um livro interessante para você programar a sua próxima viagem. Pessoas que têm dinheiro e não precisa trabalhar, pode apontar um lugar e pegar o avião amanhã. Menciona desde lugares óbvios como Hermitage de São Petersburgo até desconhecido Delta do Bokavango, em Botsuana. Para a edição brasileira, reforçaram a lista com as nossas belezas, de Jalapão até Copacabana Palace Hotel.

Acho que para eu completar a lista, preciso ir a uns 960 lugares ainda...

Um lugar que me chamou a atenção foi Torres Del Paine, na Patagônia chilena. Aliás Cláudia já deve estar cansada de escutar de mim sobre: Leste Europeu, Coréia do Norte e ultimamente Chile (que é mais perto).

Conheci Patagônia argentina em 2003, e realmente achei um dos lugares mais bonitos do mundo. Montanhas altíssimas, vales com lagos que parecem ter saído do mundo de Tolkien. Porém me disseram que a Patagônia chilena é tão bonita quanto ou até supera a argentina. Veja a foto acima e confirme.

“1.000 Lugares para Conhecer Antes de Morrer”
Patrícia Schultz
Ed. Sextante

R$ 39,00

Thursday, April 20, 2006

 

Onde encontrar gringos?

Em qualquer pub irlandês da cidade. Tóquio, Roma, Kiev, Bucareste. E agora, São Paulo. A nossa cidade estava carente de um local de encontro dos estrangeiros. O mais antigos Lone Star e Finnegans já atraem muitos brasileiros. Atualmente O´Malleys parece ser o oásis dos expatriados.

São Paulo é uma cidade dispersa, não existem locais onde há uma grande concentração de estrangeiros. Desta forma, é uma cidade interessante, fragmentada, para ser descoberta. Mas será que a cidade não precisaria se empenhar um pouco mais para ajudar os estrangeiros perdidos? Os pouquíssimos centros de informação são bunkers de concreto sem apelo visual. Não existe um centro comunitário onde estrangeiros e brasileiros possam intercambiar gratuitamente.

Ouvi dizer que o metrô de São Paulo terá indicações e anúncios das estações em inglês. Finalmente. Estará a um passo de uma cidade habitável para os estrangeiros. É uma pena que os brasileiros não apreciam muito isso alegando a “invasão imperialista” americana, perda da identidade nacional, e da riquíssima língua brasileira. Vamos encarar a realidade: atualmente o inglês é preciso. Talvez daqui a alguns séculos, pode ser que português tenha o status de língua cultural, como francês foi um dia.

No Japão, mesmo em cidades pequenas, tem a presença de um “International Center”. Kumamoto, cidade localizado ao sul do país (proporção equivalente a Fortaleza – CE), o possui. Aliás muito moderno, localizado na região central da cidade, com um lounge acarpetado e telão exibindo CNN. Você pode folhear as ultimas edições das revistas nos sofás confortáveis e conhecer algum estrangeiro. Vale lembrar que os estrangeiros não são apenas “americanos”. Podem ser chineses, nigerianos ou neozelandeses. Aí é que está a parte interessante. Existe um mural onde as pessoas podem colocar mensagens como “vendo minha bicicleta ano 2001, pois estou retornando ao meu país”, “sou da Indonésia, muçulmana, procuro uma moça japonesa para dividir o apartamento comigo” ou “sou uma inglesa, gostaria aprender espanhol. Posso ensinar inglês. Procuro alguém para fazer este intercâmbio de línguas”. É uma forma inteligente de aprender línguas. E é de graça.

Foi por causa de um anúncio assim que meu amigo peruano C. veio me consultar. “Vou ter problemas?”. “Pode ser coisa de máfia japonesa?”. E confuso, lançou-se uma expectativa com segundas intenções: “e se essa inglesa, for interessante?”. E ele foi ao encontro com a inglesa M. para o tal “intercâmbio”. No dia seguinte, ele chegou saltitante. “Você não imagina o que fiz ontem, com ela”. Disse que foi até, digamos ao final. No apartamento dela. Além disso, bonita, com olhos azuis e é legal. Que sorte a sua. Era destino mesmo. E a aula de inglês/espanhol? “Para quê?”, ele respondeu com sorriso largo e completou “já estou apaixonado”.

Que tal um “International Center” desse no coração da av. Paulista?

Já existe um no Brasil. Só que virtual.
Viste
www.gringoes.com.br

Saturday, April 15, 2006

 

Personagens do medo

Quando você estiver na esquina de alguma rua com o nome que começa com “Dr. (doutor)”, entre meia noite e três da manhã, poderá deparar com um jovem alto, de olhos azuis, com avental branco bem passado e estetoscópio pendurado no pescoço. Ele abordará, perguntando: “Onde é o hospital mais próximo?” E você responde: “Ah, tem o hospital X, em tal local”. Apressado, ele diz “Você precisa ir para lá”. Como? Não tenho nada, doutor, você retruca, indignado. Logo o doutor saca uma seringa, e mira-a no seu rosto. Assustado, você corre. Ele vem atrás de você, gritando “Emergência!” “Emergência!”. Ele corre muito rápido. A sua força se esgota. E quando sente uma leve picada de agulha, já é tarde demais...Pois você foi vítima do “Doutor da Esquina”.

Dizem que ele é um estudante de medicina nascido em Araraquara que, depois de formado, não conseguiu emprego em nenhum hospital. Ninguém sabe onde mora, porém sabe-se que se você gritar “Santa Casa de Misericórdia!” ele foge assustado.

Acabei de criar uma lenda urbana. Por favor não leve a sério história citada acima.

É interessante o poder da propagação via comunicação verbal. Mobiliza grande número de pessoas, sem campanha de mídia ou ações de marketing.

Na minha infância, em Tóquio, na década de 70, corria uma lenda de uma mulher chamada “Kuchi Sake Onna” ou “Mulher de boca rasgada”. Você encontra uma mulher relativamente bonita, com máscara, cobrindo o nariz e a boca (no Japão, quando as pessoas estão com gripe, usam essa máscara para não passar para outras pessoas). Ela pergunta: “Eu sou bonita?” e você educadamente responde “É...Bonita, sim” E ela tirando a máscara diz “mesmo assim???” A boca dela está rasgada até a altura da orelha, ou seja, uma boca enorme, sorrindo de forma macabra para você. Ela vem atrás de você com uma foice grande. Eu ficava com muito medo. A mídia fazia especiais sobre a personagem, até houve de fato, escolas que cancelaram as aulas por um período.

Porém mais do que a história em si, o que torna essas lendas mais reais são os dados, detalhados ao extremo. E nisso os japoneses são bons. É um povo que cria palavras como “Otaku (maníaco por algum determinado assunto)” e cria coleção de criaturinhas diversas de Pokémon. A capacidade dos japoneses mergulharem profundamente (ou de forma bitolada) num determinado assunto é impressionante. Que a boca dela fora resultado de uma falha na operação plástica. E que ela enlouquecera. Ela surgia, nas esquinas, das 7 da noite as 7 da manhã. Diziam que morava em um abrigo antiaéreo da II Guerra Mundial. Corre como um atleta masculino, 100 metros em 3 segundos. Tinha trauma de pomada para cabelo (hoje em dia, gel). Se você disser “Pomada, pomada, pomada” ela foge. E se você cantar 8 (olhe o detalhe: oito) vezes uma música, "Moero Ii onna ("Mulher gostosa, acenda!") de uma banda de rock japonês, na época na moda, ela surgiria na sua frente. No brasil, poderia ser substituído, por exemplo, pela música "Menina veneno" do Ritchie.

E aí? Alguém se arrisca?

Thursday, April 06, 2006

 
CUrto + GRosso

Os pequenos contos são divertidos. Em poucas palavras têm a dimensão de um romance.
Talvez seja um exagero dizer isso, mas abaixo mostro alguns, extraídos do livro
“Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século”.


MAS O RIO CONTINUA LINDO
Pensa o desempregado
ao pular do Corcovado
Antônio Torres

CONFISSÃO
- Fui me confessar ao mar.
- O que ele disse?
- Nada.
Lygia Fagundes Telles

O ESPELHO DE NARCISO
Agora está claro:
quem envelhece sou eu,
não o retrato.
Modesto Carone

CHICO
- Se atrasa, preocupa.
Quando chega, incomoda.
- Menstruação?
- Meu marido.
Nelson de Oliveira

CRIAÇÃO
No sétimo dia Deus descansou.
Quando acordou, já era tarde.
Tatiana Blum

E arrisco um também:

NUMA GRANDE LIVRARIA
Minha poderosa obra literária!
Consumiu quinze anos da minha vida!
Encontrava-se na seção de auto-ajuda.
Seidi Kusakano

Os Cem Menores Contos Brasileiros do Século
Ateliê Ediorial
Organização: Marcelino Freire.
R$ 28,00


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