SEIDI SÃO PAULO

O que vier na cabeça, sem revisar os textos.

Saturday, April 15, 2006

 

Personagens do medo

Quando você estiver na esquina de alguma rua com o nome que começa com “Dr. (doutor)”, entre meia noite e três da manhã, poderá deparar com um jovem alto, de olhos azuis, com avental branco bem passado e estetoscópio pendurado no pescoço. Ele abordará, perguntando: “Onde é o hospital mais próximo?” E você responde: “Ah, tem o hospital X, em tal local”. Apressado, ele diz “Você precisa ir para lá”. Como? Não tenho nada, doutor, você retruca, indignado. Logo o doutor saca uma seringa, e mira-a no seu rosto. Assustado, você corre. Ele vem atrás de você, gritando “Emergência!” “Emergência!”. Ele corre muito rápido. A sua força se esgota. E quando sente uma leve picada de agulha, já é tarde demais...Pois você foi vítima do “Doutor da Esquina”.

Dizem que ele é um estudante de medicina nascido em Araraquara que, depois de formado, não conseguiu emprego em nenhum hospital. Ninguém sabe onde mora, porém sabe-se que se você gritar “Santa Casa de Misericórdia!” ele foge assustado.

Acabei de criar uma lenda urbana. Por favor não leve a sério história citada acima.

É interessante o poder da propagação via comunicação verbal. Mobiliza grande número de pessoas, sem campanha de mídia ou ações de marketing.

Na minha infância, em Tóquio, na década de 70, corria uma lenda de uma mulher chamada “Kuchi Sake Onna” ou “Mulher de boca rasgada”. Você encontra uma mulher relativamente bonita, com máscara, cobrindo o nariz e a boca (no Japão, quando as pessoas estão com gripe, usam essa máscara para não passar para outras pessoas). Ela pergunta: “Eu sou bonita?” e você educadamente responde “É...Bonita, sim” E ela tirando a máscara diz “mesmo assim???” A boca dela está rasgada até a altura da orelha, ou seja, uma boca enorme, sorrindo de forma macabra para você. Ela vem atrás de você com uma foice grande. Eu ficava com muito medo. A mídia fazia especiais sobre a personagem, até houve de fato, escolas que cancelaram as aulas por um período.

Porém mais do que a história em si, o que torna essas lendas mais reais são os dados, detalhados ao extremo. E nisso os japoneses são bons. É um povo que cria palavras como “Otaku (maníaco por algum determinado assunto)” e cria coleção de criaturinhas diversas de Pokémon. A capacidade dos japoneses mergulharem profundamente (ou de forma bitolada) num determinado assunto é impressionante. Que a boca dela fora resultado de uma falha na operação plástica. E que ela enlouquecera. Ela surgia, nas esquinas, das 7 da noite as 7 da manhã. Diziam que morava em um abrigo antiaéreo da II Guerra Mundial. Corre como um atleta masculino, 100 metros em 3 segundos. Tinha trauma de pomada para cabelo (hoje em dia, gel). Se você disser “Pomada, pomada, pomada” ela foge. E se você cantar 8 (olhe o detalhe: oito) vezes uma música, "Moero Ii onna ("Mulher gostosa, acenda!") de uma banda de rock japonês, na época na moda, ela surgiria na sua frente. No brasil, poderia ser substituído, por exemplo, pela música "Menina veneno" do Ritchie.

E aí? Alguém se arrisca?

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