SEIDI SÃO PAULO
O que vier na cabeça, sem revisar os textos.
Monday, August 07, 2006
A questão da limpeza
Na maioria das vezes vou até a minha livraria caminhando. Do bairro de Paraíso até Jardins. Que longe! Todos dizem. Porém, é uma caminhada agradável, de 35 minutos, sem ladeira, é só seguir a alameda Lorena, até chegar no cruzamento com a rua Augusta. Longe (ou parece longe) da poluição, vou passando por lojas charmosas, cafés, flats. Apenas a calçada está longe de ser perfeito para os pedestres.
(foto: www.bin-tow.com)Ao longo da alameda, vejo pessoas “civilizadas”, com educação de primeiro mundo, como as jovens mamães judias andando com as crianças e as madames levando seus cachorrinhos para passear segurando um saquinho de supermercado, para uma emergência fecal do animal.
Porém, existem pessoas que sujam o bairro. Infelizmente, a maioria que não tiveram a oportunidade de receber a tal educação no colégio interno da Suíça, que vem de outros bairros para trabalhar na casa ou no escritório dos patrões. Um dia, eu estava andando atrás de uma moça aparentemente, dessa categoria. Ela estava vasculhando a sua simples bolsa preta, porém, enchida de mil coisas de mulher. Tirou um pedaço de papel, examinou-o e simplesmente jogou no chão da calçada. Pegou outro papel, desta vez pude identifica-lo como cupom fiscal, também....para o chão. E assim por diante, ela foi fazendo a faxina da sua bolsa enquanto caminhava. O pulso dela movimentava de dentro da bolsa para fora automaticamente, sem remorso. Vi ao final meia dúzia de papéis, ingressos, embalagem de chiclete, jogados no chão.
Acho que não podemos julgá-los, simplesmente, dizendo “esses ...aianos”, “esses ...ordestinos”. Eu colocaria culpa toda no sistema de conscientização de cada um, no Brasil, em relação à limpeza. Provavelmente fomos acostumados, desde criança, que alguém fará o tal serviço. “Deixe que a faxineira limpe”.
Nas escolas do Japão, onde passei a minha infância, quem limpa a sala de aula são os alunos. Amontoávamos as carteiras e cadeiras, varríamos e passávamos pano no chão. Trabalho chato, pode ser. Mas é um exercício de união e resultado (entre os alunos) instantâneo e fácil. Desde cedo éramos condicionados a arrumar, deixar em ordem, pelo menos o que é seu e o que está ao nosso redor.
Ouvi dizer que o dono da rede de salão de beleza SOHO, que é japonês, ia toda manhã ao parque da Aclimação, na vizinhança da sua casa, e varria a entrada do parque. No início, os motoristas de táxi olhavam enigmáticos, a rotina do senhor japonês. Porém, aos poucos eles também começaram a participar na manutenção da limpeza do entorno do ponto de táxi.
Será que as escolas brasileiras já pensaram em colocar seus alunos para limpar a sala de aula?
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